A palavra ordem vem se tornando cada vez mais intrigante. Afinal de contas, o que te organiza? Desmontando o fetiche dos extremos (ordem/desordem) e despindo-se da dualidade cartesiana, o que se revela é um modo organização que não se confunde com outra coisa senão com o estranho.

"(...) O que temos é a crise de uma noção central nos dispositivos de legitimação e no imaginário modernos: a noção de ordem. E com ela assistimos à rediscussão da noção de desordem (...)" Wilmar do Valle Barosa.

"A ordem? É tudo o que é repetição, constância, invariância, tudo o que pode ser posto sob a égide de uma relação altamente provável, enquadrado sob a dependência de uma lei. A desordem? É tudo o que é irregularidade, desvios com relação a uma estrutura dada, acaso, imprevisibilidade. Num universo de pura ordem, não haveria inovação, criação, evolução. Não haveria existência viva nem humana" Edgar Morin.

"Ando muito completo de vazios. Meu órgão de morrer me predomina. Estou sem eternidades. Não posso mais saber quando amanheço ontem. Está rengo de mim o amanhecer. Ouço o tamanho oblíquo de uma folha. Atrás do ocaso fervem os insetos. Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino. Essas coisas me mudam para cisco. A minha independência tem algemas". Os deslimites da palavra, Manoel de Barros.

As iniciativas do Arte Estranha buscam estimular a criação sonora e integrar artistas de diferentes perfis e projeções em torno de um mesmo eixo temático de trabalho. Assim, acreditamos estimular a produção e difusão musical, bem como fortalecer a diversidade que compõe a cena da música experimental que é feita hoje.

Ricardo Thomasi